Saúde Mental em Foco
Comemora-se nesta sexta-feira, 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental, uma data que visa desmistificar as questões relacionadas a transtornos mentais e criar um ambiente acolhedor para aqueles que enfrentam esses desafios. A conscientização sobre saúde mental é crucial para combater o preconceito e incentivar as pessoas a buscarem ajuda profissional, seja para cuidados preventivos ou para tratamento, com psicólogos e psiquiatras.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de um bilhão de indivíduos em todo o planeta convivem com problemas de saúde mental, sendo a ansiedade e a depressão as condições mais prevalentes. Essa realidade evidenciou a necessidade de um dia dedicado a essa causa, que foi estabelecido pela Federação Mundial de Saúde Mental (FMSM) há mais de 30 anos.
A Importância da Conscientização
O objetivo desta data é chamar a atenção da sociedade para a saúde mental, entendida como uma questão de direitos e de saúde pública. A psiquiatra Beth Pontes destaca que é fundamental que cada indivíduo esteja atento aos seus próprios sentimentos e comportamentos, bem como ao que acontece com aqueles ao seu redor. Mudanças notáveis no humor ou no comportamento podem ser sinais de que a pessoa precisa de apoio profissional.
“Sintomas como uma tristeza persistente, ansiedade excessiva ou dificuldade para realizar tarefas cotidianas são indícios claros de que é hora de procurar ajuda”, alerta Pontes. Ela ressalta que a qualidade do sono está diretamente ligada à qualidade de vida e, portanto, deve ser uma prioridade.
Prevenção e Cuidado
A psiquiatra também aponta que, embora exista a crença de que devemos estar sempre alegres, muitos profissionais de saúde mental têm notado um aumento preocupante no uso de ansiolíticos e outras medicações que podem causar dependência.
Iniciativas que promovem a saúde mental são essenciais, tanto em nível individual quanto social. Isso inclui o autocuidado, a prática de atividades físicas e momentos de lazer e descanso, como explica Beth Pontes. Os dados do Ministério da Saúde revelam que 15,5% da população brasileira enfrenta a depressão, que pode variar de leve a grave, resultando em quase meio milhão de afastamentos do trabalho em 2024.
Assistência à Saúde Mental no Brasil
Em relação à assistência pública à saúde mental, o Brasil conta com a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que oferece uma estrutura de suporte para pacientes com distúrbios psiquiátricos ou dependência química. Essa rede inclui Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), e Unidades de Acolhimento (UAs), entre outros.
Por outro lado, a rede privada também apresenta crescimento, conforme revelam os dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que indicam que as consultas a psiquiatras aumentaram de 3,4 milhões para 4,9 milhões nos últimos cinco anos, um crescimento significativo de 44,5%. No entanto, a Associação Brasileira de Psiquiatria observa que aproximadamente metade das pessoas que enfrentam problemas de saúde mental ainda não procuram ajuda profissional.
Iniciativas de Apoio
No âmbito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), destaca-se o Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental (PAI-PJ). Este programa busca apoiar pacientes judiciários, garantindo que eles continuem recebendo o tratamento necessário. Ele opera em colaboração com a rede pública de saúde mental, adotando uma abordagem humanizada.
Os pacientes judiciários são aqueles que, devido a transtornos mentais, cometeram crimes e são considerados inimputáveis. Eles precisam cumprir medidas determinadas pela Justiça e devem receber o suporte adequado para reintegração social. O programa é fundamentado na Lei nº 10.216/2001, que defende os direitos das pessoas com transtornos mentais.
Romina Magalhães, psicóloga coordenadora técnica do PAI-PJ, destaca que os comportamentos problemáticos muitas vezes são um reflexo de questões subjacentes não tratadas, ressaltando a importância de um olhar mais atento e livre de estigmas por parte das famílias e sociedade. Além do tratamento psicológico, é crucial oferecer oportunidades de sociabilidade e trabalho, promovendo assim a reabilitação dos pacientes.
Atualmente, o PAI-PJ atende a 1.492 pacientes judiciários, com núcleos de atendimento distribuídos em várias localidades, além da capital mineira. Este esforço é uma parte vital da luta para melhorar a saúde mental no Brasil e reforçar a importância da conscientização e do cuidado na sociedade.