Um Marco de Reparação Histórica
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, esteve presente na última sexta-feira (10) no Armazém Docas André Rebouças, localizado na Pequena África, no Rio de Janeiro. Acompanhada pelo presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Rodrigues, a ministra destacou a importância histórica e simbólica do local, que agora se torna um centro de memória dedicado à reparação histórica e à valorização da influência da cultura negra na formação do país.
O prédio, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), está sendo transformado em um espaço cultural voltado para a cultura afro-brasileira. O objetivo é preservar e reinterpretar a história da região portuária, além de fortalecer a identidade da comunidade local. O projeto, idealizado e coordenado pelo Iphan, inclui a criação do Centro de Interpretação do Patrimônio Mundial Cais do Valongo e do Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (LAAU), além de exposições permanentes que contarão a história de André Rebouças.
Valorização da Memória Coletiva
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Fonte: omanauense.com.br
Durante a visita, Margareth Menezes enfatizou que o espaço representa uma vitória para a reparação histórica, ao transformar um marco da engenharia nacional em um território dedicado à celebração da memória negra. “É fundamental avançar com responsabilidade e harmonia, valorizando nossa história e o papel do povo negro na construção do Brasil e do mundo”, comentou a ministra.
Ela também ressaltou a relevância de associar o nome de André Rebouças, engenheiro e abolicionista, ao edifício histórico que ele projetou em 1871, sempre sem contar com mão de obra escravizada. “Um povo sem memória é um povo sem história. Este espaço foi erguido com dignidade, e homenagear Rebouças é reconhecer a contribuição do povo negro para a sociedade moderna e a humanidade”, acrescentou Menezes.
Investimentos e Futuro das Obras
O Governo Federal comprometeu-se a investir R$ 86,2 milhões do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) para a restauração e requalificação do Armazém Docas André Rebouças. O processo de licitação já foi concluído e a obra será realizada em formato semi-integrado, permitindo ajustes conforme necessário. As obras estão programadas para começar no início do próximo ano.
João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Palmares, destacou a importância dessa iniciativa coletiva. “Manter o monumento da humanidade é um dever de todos nós. Após anos de descaso, estamos resgatando o respeito e a responsabilidade. Juntos, o Ministério da Cultura, o Iphan e a Palmares estão devolvendo ao povo brasileiro um espaço simbólico, reinterpretado e ressignificado”, afirmou.
Integração e Desenvolvimento da Comunidade
A superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Patrícia Wanzelle, destacou a participação ativa da comunidade no processo de transformação do edifício. “Mudamos o nome e vamos dar uma nova identidade afro-brasileira às Docas. Este governo se destacou ao retomar a condução de obras que estavam paradas há anos”, ressaltou.
Por fim, Margareth Menezes concluiu a visita reafirmando que a valorização da memória é também um compromisso com o futuro. “Ser um povo em paz significa construir harmonia com dignidade e reconhecimento das contribuições de todos para o desenvolvimento do país”, encerrou a ministra.
Ações para Valorização da Cultura Afro-Brasileira
A requalificação das Docas André Rebouças faz parte de uma série de ações do Governo Federal para enriquecer a região da Pequena África e fortalecer o patrimônio cultural afro-brasileiro. O BNDES alocou R$ 5 milhões para projetos que beneficiam a comunidade local, abrangendo nove segmentos e estimulando atividades culturais e econômicas. Um centro de interpretação moderno e digital será criado, integrando o Brasil a países como Angola, Nigéria, Benim e Congo.
Além do Ministério da Cultura, a iniciativa conta com a colaboração de diversas instituições, incluindo o Iphan, a Fundação Cultural Palmares e o Ministério dos Direitos Humanos, promovendo assim políticas públicas inclusivas e afirmativas.